O cavalheiro de aluguel - Personal dancer
Eles vêm em geral das periferias e do subúrbio, tem uma inserção no mercado de trabalho marcada pela precariedade e execução de trabalhos de baixa qualificação e encontraram na dança de salão um meio de garantia da sobrevivência, mesmo que seja uma garantia incerta, porque nunca se sabe ao certo quantas clientes irão aparecer.

Os bailes ficha não são estáveis, muitos fecham depois de alguns meses e quanto aos contratos, é difícil obter uma cliente fixa por um longo tempo, tudo depende da vontade da mulher em sair para dançar. Além disso, muitas vezes por causa de desentendimentos entre contratante e contratado, o personal dancer pode perder a cliente para outro, ou por querer a cliente variar de parceiro, um aspecto que as mulheres colocam quase como uma exigência -”pra não ficar viciada num único estilo pessoal de dança” - os homens não tem garantia de que terão contrato com a mesma mulher por longo tempo. A incerteza já faz parte da vida profissional desses homens.

Os bailes-ficha são vistos como vitrines para obtenção de futuros contratos e a participação em bailes-ficha ou fechamento de contratos acontecem, geralmente, por indicação.
O que mais incomoda os personal dancers são os julgamentos morais em torno da sua atividade. Afastar-se do estereótipo de “explorador de mulheres” é tarefa e preocupação constante. Essa acusação, embora parta de pessoas que pertencem ao mundo da dança de salão - organizadores de bailes, donos de academia, as próprias mulheres, clientes ou não - é também compartilhada por eles próprios quando se referem a “colegas” e as estratégias para se afastarem das acusações são diversas.

A primeira é valorizar a sua atividade com serviço profissional oferecido às mulheres que querem dançar não tem com quem. Esse serviço, além de benéfico para as mulheres, é fruto de renda para os bailes que tem a chance de ver a “casa cheia” graças aos “dançarinos de aluguel”. Os contratos e bailes-fichas seriam então os responsáveis pelo lucro dos bailes em geral e das academias de dança, que passam a ser procuradas pelas mulheres, sem o receio de não poderem dançar por falta de companhia. (Alves, 2004, p.75)

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